31/01/2012
Suíça busca parceria com Brasil

Depois de perder a base da Brasil Foods na Europa e acreditando na tendência de empresas brasileiras ganharem força nos próximos anos, a Suíça busca acordo para pôr fim à bitributação de multinacionais brasileiras no país. Por enquanto, porém, sem sucesso.


Feliciano Ventura, especialista em economia internacional pela Universidade de São Paulo (USP), conta que os suíços estão tentando a negociação em vários países emergentes e que essa vontade não é de hoje. \"Dez anos atrás, a Suíça chegou a tentar um tratado. Mas o projeto não vingou. Com a crise, o mercado dos BRICs passou a ser prioridade do país europeu, visto que cerca de 80% das vendas do Brasil, por exemplo, vão para a Europa\", diz.


Hoje, de acordo com a Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, a Suíça possui investimentos acumulados no Brasil de mais de US$ 34 bilhões, que empregam mais de 105 mil trabalhadores brasileiros.


Júlio Monte Carlo, economista graduado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e filiado ao Conselho Regional de Economia de São Paulo (CORECON-SP), explica que o governo brasileiro está relutante em aceitar fazer qualquer tipo de acordo tributário com o país porque, por enquanto, não vale a pena. \"A Receita Federal afirma que o Brasil é uma espécie de importador de investimentos e ainda precisa manter a coleta de tributos\", afirma.


A Câmara de Comércio Suíço-Brasileira informa que o Brasil é responsável por 40% dos negócios suíços na América Latina e é considerado o principal parceiro comercial no país. Mas que a Suíça, por sua vez, aparece apenas em 20º na lista dos parceiros econômicos mais importantes do Brasil.


Acordos bitributários    


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define a bitributação como sendo o recolhimento de impostos similares, em dois ou mais países, de um mesmo contribuinte, pela mesma matéria e por idêntico período de tempo.


Ou seja, se dois países não fizeram acordo que evite a bitributação, o investimento pagará taxas em ambos, explica Carlo.


\"Uma empresa brasileira que está se internacionalizando pagará impostos sobre este investimento no Brasil e terá que recolher impostos semelhantes também quando chegar ao outro país. O mesmo acontece com lucros e demais operações. É um prejuízo e tanto, a empresa paga duas vezes, mas gera renda para o país\", exemplifica.


Para Ventura, o governo não deveria enxergar o acordo bitributário como fator de perda de arrecadação, mas como uma forma eficaz de inserção do mercado brasileiro no comércio exterior. Hoje, de acordo com a Receita Federal, o país tem acordos travados com 28 países.


Multinacionais brasileiras no exterior


Carlo percebe a movimentação das empresas brasileiras nos últimos anos rumo ao exterior e conclui que o Brasil, agora, está se tornando um player global, aproveitando a situação em que os olhos do mundo estão todos voltados ao país.


De acordo com dados do Banco Central do Brasil, em 2011, o volume de dinheiro que entrou no país proveniente de multinacionais brasileiras bateu recorde, chegando a mais de US$ 23 bilhões, o equivalente ao dobro do valor investido por empresas no exterior no mesmo período.


Este fato não é exatamente novidade. Ventura conta que de 2007 a 2011, as multinacionais brasileiras trouxeram ao Brasil o montante de US$ 107,6 bilhões em investimentos. O especialista explica que as multinacionais iniciaram sua expansão durante a década de 80 e  voltaram a crescer recentemente, influenciadas pela retomada do crescimento da economia.


Ele diz que, na última década, a internacionalização de empresas de setores de produção de commodities, por exemplo, cresceu muito. Também foi a vez de empresas com potencial de inovação e tecnologia. \"O Brasil deve aproveitar sua posição de destaque no cenário mundial e ir ainda mais para o exterior. Lá, as chances de obter melhoras significativas de produção e modernidade são inúmeras. Fora que tomar recursos a juros baixos no exterior pode garantir altos retornos. O Brasil tem que continuar a investir e aproveitar a boa maré, porque o mar, certamente, está para peixe\", afirma.


Fonte: http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/suica-busca-parceria-com-brasil-388

 
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