06/02/2012
Balança comercial abre 2012 com déficit

Em janeiro, a balança comercial brasileira fechou com saldo negativo de US$ 1,291 bilhão. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O primeiro déficit do ano já fez o governo começar a pensar em medidas para incentivar as exportações e melhorar o resultado nos próximos meses de 2012.


Em comparação com janeiro do ano passado, de acordo com informações do MDIC, as exportações cresceram 1,3% e as importações 12,3%. Porém, Adalto Medeiros, economista filiado ao Conselho Regional de Economia de São Paulo (CORECON-SP), conta que não é preciso desespero. Afinal, segundo ele, janeiro é um mês atípico.


Orlando Assunção, professor de economia da ESPM, diz que, de fato, existe uma tradição de recuo das exportações no mês de janeiro no Brasil. Este fato, explica, tem a ver com a sazonalidade e dinâmica do período - no qual há redução da corrente de comércio por conta de empresas exportadoras que entram em recesso e outros fatores como embarques que acabam atrasando.


Causas


Otávio Freitas, especialista em economia internacional, discorda de Medeiros. Ele acredita que, apesar da tendência já conhecida de saldo negativo no primeiro mês do ano, desta vez o susto foi grande porque o déficit registrado foi o maior em 39 anos. \\\"A diminuição das exportações é considerada movimento natural do mercado, mas se há um recorde é necessário que seja verificado os fatores que tiveram influência\\\", ressalta.


Assunção aponta a crise europeia e a queda do preço das commodities como sendo os principais fatores determinantes para o déficit de janeiro. Ele conta que houve uma redução significativa de 25% nas exportações para a Europa e que o Brasil sofreu com a quebra de safra - que teve início no final de 2011, causada por chuvas e estiagem - e com a consequente queda de vendas de produtos importantes, como o minério de ferro.


O professor afirma também que as importações tiveram um papel considerável nos números de janeiro. Segundo ele, só as importações provenientes da China tiveram um aumento de 26%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Também as compras de petróleo e combustível do oriente médio tiveram um aumento homérico de 339%. \\\"Existem problemas conjunturais, que não podem ser controlados com nenhuma medida, mas o Brasil sofre muito com problemas estruturais. Vivemos um modelo primário de exportação que deve ser pensado para resolver problemas a longo prazo\\\", explana.


Medidas


Por conta do resultado vermelho na balança, conta Freitas, o governo deve anunciar medidas como a ampliação de financiamento para exportadores, fazendo com que empresas de menor porte também possam atuar no exterior, além de ampliar o leque de países importadores de produtos brasileiros.


Para Medeiros, porém, o governo deve analisar os dados e pensar de uma forma mais global e menos pontual. \\\"Não adianta sair distribuindo medidas que funcionem como um curativo para um determinado momento de um setor específico. É preciso cortar o mal pela raiz, entender os problemas e resolvê-los pensando em um todo\\\", esclarece.


Assunção concorda e complementa que a indústria precisa começar a agregar valor a seus produtos vendidos para que o Brasil não siga tão dependente das commodities. \\\"Hoje, já não faz mais sentido exportarmos minério de ferro para importarmos aço. Os investimentos deveriam começar por questões como esta\\\", afirma.


Futuro


Para os próximos meses, conta Freitas, a expectativa não é tão ruim. O especialista comenta que houve um aumento de participação dos Estados Unidos no total das exportações e que há uma tendência de aumento no preço das commodities, fatores que podem significar melhores resultados para o Brasil.


Assunção afirma que, para 2012, ainda é esperado um superávit na balança comercial e que janeiro não deve ser tomado como referência, mas os números exigem cautela. \\\"Os resultados do primeiro mês do ano podem sinalizar uma redução no superávit total. Isso não quer dizer que atingiremos um novo saldo negativo, mas se nada for feito e continuarmos sem nos preocupar com as reduções de janeiro, a tendência é que, a cada ano, este déficit seja ainda maior. Não há motivo de grandes preocupações em curto prazo, mas medidas concretas devem ser feitas para que a situação não torne-se insustentável no longo prazo\\\", alerta.
 


Fonte: http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/balanca-comercial-abre-2012-com-deficit-401

 
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