"Vemos a dependência se aprofundar. Para o melhor ou pior, o futuro econômico do Brasil será mais e mais em função de decisões tomadas em Beijing", estima o banco.
Para o Nomura, a relação econômica bilateral está sendo marcada por uma parceria do tipo Norte-Sul (rico e pobre) entre duas economias em desenvolvimento.
O banco destaca que o Brasil se torna mais dependente das exportações de commodities para o mercado chinês. Ao mesmo tempo, companhias brasileiras estão cada vez mais dependentes de componentes intermediários baratos produzidos na China.
O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto tem basicamente uma direção, para o Brasil. "A próxima fronteira será investimentos de portfolio, o que poderá ter implicações dramáticas para a apreciação do real", diz o banco.
Na prática, a relação Brasil-China replica a relação de dependência experimentada pelo Brasil com os Estados Unidos no período do pós-segunda guerra mundial, escrevem os analistas Tony Volpon e George Lei.
O banco constata que, com a eleição da presidente Dilma Rousseff, a natureza do debate envolvendo a política econômica no país mudou e mais atenção tem sido dada aos perigos da desindustrialização e da excessiva valorização do real.
No entanto, estima que o governo de Rousseff "não desenvolveu alternativa coerente para sua crescente dependência em relação à China". E duvida dos resultados da política de subsidiar crédito para setores industriais, para afrontar a concorrência chinesa.
Acha que preocupações fiscais e necessidade de combater pressões inflacionárias e as taxas de juros mais altas do mundo limitam o sucesso dessa medida.
(Assis Moreira | Valor)